Tatuagens melhoram seu sistema imunológico.
Nova pesquisa sugere que a cada nova sessão o corpo sai fortalecido contra infecções.
Pesquisadores da Universidade do Alabama, nos EUA, acabaram de dar mais um motivo para quem pensa em fazer uma nova tatuagem. De acordo com o estudo, o corpo reage melhor cada novo desenho feito na pele. Com a melhora das respostas imunológicas, o organismo todo fica menos suscetível a novas infecções, evitando o surgimento de novas doenças. Mas só vale para quem tem mais de uma tatuagem no corpo.
Usando a analogia da equipe, fazer tatuagens é parecido com malhar. Na primeira vez o corpo não está acostumado e se sente enfraquecido ao exercício, da mesma forma que fica exausto ao ser “contaminado” por um agente externo. Porém, ao repetir o processo, a resistência aumenta. Foi o que perceberam ao analisar o organismo de um grupo de voluntários acompanhados durante a sessão. Os cientistas também avaliaram quantas tatuagens a pessoa já tinha e a duração da aplicação da tinta na pele.
Para completar a pesquisa analisaram a quantidade de um anticorpo chamado imonuglobina A e do cortisol, hormônio relacionado ao estresse, na amostra de sangue. Eles notaram que os níveis da imunoglobulina caem menos a cada nova tatuagem, ou seja, a proteção do corpo se fortalece cada vez. Apesar do resultado, a pesquisa foi feita com um grupo reduzido: 24 mulheres e 5 homens. Mas isso não impede você de usá-la como desculpa para fazer mais uma tatuagem.
Tatuagem mais antiga do mundo é encontrada em múmia de 5 mil anos
A descoberta antecipa em um milênio a história das tatuagens na África e indica que homens também modificavam seus corpos, ao contrário do previsto.
Cientistas descobriram as primeiras tatuagens figurativas de que se tem notícia no mundo, cravadas na pele de duas múmias egípcias com mais de 5.000 anos. Os corpos em que as marcas foram encontradas estão guardados no Museu Britânico, no Reino Unido, e pertencem a um homem e a uma mulher que viveram no período pré-dinástico do Egito, antes do país ser unificado pelo primeiro faraó. Um estudo detalhando a descoberta, publicado nesta quinta-feira no periódico científico Journal of Archaeological Science, afirma que a revelação obriga os cientistas a rever tudo o que se sabe a respeito do surgimento das tatuagens na África.
A pesquisa estima que as primeiras tatuagens datem entre 3351 e 3017 a.C., quase um milênio antes do que os registros mais antigos apontavam até então. Segundo o museu, essas também são as provas mais antigas desse tipo de prática em mulheres e a primeira já registrada em homens.
Sobre Tatuagem: Qual o lugar do corpo mais doloroso para fazer uma tatuagem?
Nas regiões em que há menos gordura e mais nervos, é mais doloroso fazer uma tatuagem
A professora britânica de ciências e biologia Natalie Wilsher tem uma tatuagem do físico Albert Einstein (1879-1955) no braço — além de outras nos pés, punhos e tornozelos.
De todas as tatuagens que ela fez, as mais dolorosas foram no peito do pé e nos tornozelos.
Os grupos marginalizados que difundiram a tatuagem no Brasil
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"A dor é uma forma que o corpo tem para se proteger, e os nervos são responsáveis por detectar a dor", explica a professora no podcast Teach me a Lesson, da BBC.
"É mais doloroso fazer uma tatuagem onde há menos gordura e mais nervos", detalha em conversa com os apresentadores Bella Mackie e Greg James.
Além dos pés e tornozelos, as canelas, axilas, ombros e caixa torácica se somam à lista de áreas sensíveis, segundo Wilsher, embora tudo dependa da sensibilidade de cada um.
"Os nervos da área que está sendo espetada quando se faz uma tatuagem, enviam o sinal de dor para o cérebro", explica a professora.
No entanto, a reação de alguém ao processo de fazer uma tatuagem pode não ser necessariamente comparável à de outra pessoa.
"O limiar de tolerância à dor é completamente diferente de pessoa para pessoa", acrescenta.
A primeira tatuagem
A tatuagem mais antiga que se tem conhecimento foi encontrada em Ötzi, também chamado de "homem do gelo", uma múmia descoberta em uma região remota dos Alpes italianos em 1991, que permaneceu congelada por mais de 5 mil anos.
"As tatuagens de Ötzi eram muito pequenas, bem discretas. Eram pontos e traços. Os antropólogos acreditam que eram uma forma de acupuntura para fins medicinais", diz Wilsher.
A professora se pergunta como eles curavam as feridas causadas ao furar a pele — e supõe que levavam meses para cicatrizar.
"É surpreendente que naquela época, entre a Idade da Pedra e a Idade dos Metais, eles fossem capazes de fazer essas tatuagens sem adoecer. É impressionante que tivessem esse conhecimento", acrescenta.
Com o tempo, as tatuagens se tornaram um recurso para que cada um pudesse contar sua própria história.
"A mitologia diz que o capitão James Cook, no final do século 18, conheceu muita gente com diferentes tatuagens em suas viagens no Pacífico. 90% de sua tripulação se tatuava como forma de marcar o percurso da viagem", explica a professora.
Os oficiais da Marinha britânica herdaram esta tradição e começaram a tatuar suas viagens, usando urina e pólvora, em uma preparação que costumava ser chamada de tinta náutica, conta Wilsher.
No final do século 19, a máquina de tatuagem foi criada, com base na impressora de Thomas Edison (1847-1931).
"Foi criada em 1875 e não mudou muito desde então. Ainda perfura a pele de 50 a 3 mil vezes por minuto."
O maior órgão do corpo
A pele é o maior órgão do corpo, equivale a 50% do peso corporal, e sua camada mais superficial é renovada a cada 28 dias. Por que então a tinta não desaparece quando trocamos de pele?
Wilsher lembra que a pele tem três camadas principais: a epiderme na superfície; a derme no centro, onde estão localizados os vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas, folículos e nervos; e a parte mais profunda que é a hipoderme, a camada gordurosa da pele.
"A tinta da tatuagem é injetada na derme, onde estão localizados os nervos, responsáveis pela dor. As tatuagens não saem porque a camada intermediária da pele está protegida pela epiderme", explica.
Quando a tinta é injetada na derme, ela conta que "seu corpo diz: 'Eita, tenho uma ferida'. E envia para essa área macrófagos, glóbulos brancos, que tentam engolir a tinta e enviá-la para a corrente sanguínea".
Mas é tinta demais para ser eliminada pelos macrófagos, então ela fica presa lá.
"É por isso que podemos vê-la pela epiderme", acrescenta.
Sobre Tatuagem
A tatuagem é uma das formas mais antigas de modificação do corpo. Algumas evidências apontam que seu surgimento ocorreu entre os anos 4000 e 2000 a.C, nas regiões do Egito Antigo, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia.
Na sociedade do século XX, a tatuagem chegou a ser vista com certo preconceito por uma parcela da população. As frases, desenhos e diversos simbolismos, chegaram a ser ditos como sinônimo de uma vida sem esforço, como se aqueles que os utilizassem não fossem sérios profissionais (por exemplo).
Porém, atualmente, a realidade é outra: ainda que resistam julgamentos antigos sobre quem é tatuado(a), hoje os desenhos pelo corpo são também considerados arte para muita gente e a noção de que tatuagem não define caráter também está se alargando.
Enquanto uns utilizam os riscos para falar algo sobre si ou sobre o que acredita, outros prosseguem optando por aquilo que enxergam como uma arte visualmente bela. Em meio aos vários tipos de corpos e mentes que escolhem pelas tatuagens, são vários estilos que os tatuadores utilizam, como pontilhismo, fineline, blackwork, aquarela e colorido.
No universo de mudanças em relação ao tema, outro importante detalhe tem também ganhado espaço. A área, considerada majoritariamente masculina, também tem recebido um número maior de tatuadoras nos studios.